Jean Debret
Pintor, desenhista gravador e professor francês, conheça Jean-Baptiste Debret. Conhecido pela Missão Artística Francesa ao Brasil, foi um dos principais representantes do Brasil colonial.
Jean-Baptiste Debret, mais conhecido como Debret, foi um pintor, desenhista gravador e professor francês. Conhecido principalmente por integrar a Missão Artística Francesa ao Brasil, retratou a fauna, a flora e o cotidiano do Brasil colonial.
Além disso, foi Debret o desenhista da primeira bandeira do Brasil, composta por um retângulo verde, losango amarelo e um brasão de Armas do Império ao centro. O pintor escolheu o desenho e as cores inspirado nas bandeiras das tropas militares francesas durante a Revolução Francesa e a Era Napoleônica.
Biografia
Filho de Jacques Debret e irmão de François Debret, Jean Debret nasceu no dia 18 de abril de 1768, em Paris. Estudou no Lycée Louis-le-Grand e na Escola de Belas Artes de Paris.
Na Escola de Belas artes, recebeu grande influência de seu primo Jacques-Louis David, principal pintor francês do neoclassicismo. Estudou também engenharia no Institut de France e atuou na área durante um tempo, mas logo retornou para a pintura.
Atuou como engenheiro na Revolução Francesa, selecionado por ser um dos alunos mais brilhantes do curso de Engenharia. Depois de formado, foi contratado como desenhista de 3 classes na École Polytechnique.
Em 1798, expôs no salon de Paris a tela Le général méssénien Aristomène delivré par une jeune fille, pela qual foi premiado. Após sete anos, muda a temática de suas pinturas para retratar a vida de Napoleão Bonaparte. Produz obras como Napoleão presta homenagem à coragem infeliz, Napoleão em Tilsitt condecorando com a Legião de Honra um soldado russo e Napoleão falando às tropas.
A derrota de Napoleão, em 1815, foi um golpe duro aos artistas neoclássicos, que perderam o principal pilar que os sustentavam, financeira e ideologicamente. É nesse período que Debret ingressa na Missão Artística Francesa ao Brasil, organizada pelo rei Dom João VI.
Viveu 15 anos no Brasil, onde ajudou a fundar a Academia de Belas Artes no país, desenhou a primeira bandeira do Brasil e organizou sua grande obra: o livro ilustrado Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil.
Deixa o Brasil em 1831, alegando problemas de saúde, e retorna a Paris, onde fica até sua morte. Morre em 1848, aos 80 anos.
Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil
Em Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, Debret mostrou sua profunda relação pessoal e emocional com o país.
Além de criar uma obra histórica, mostrar com detalhes minuciosos a formação cultural do povo e da nação brasileira. O pintor francês também resgatou particularidades do país e da sociedade, preservando o passado e as raízes do povo brasileiro. Fora do âmbito político, também se atentou a costumes, religião e cultura dos brasileiros.
Como pintor oficial da família real, desenhou a imagem em tamanho real de Dom João VI e participou como retratista dos primeiros anos do reinado de D. Pedro I.
Por estas razões, a obra de Debret é considerada uma grande contribuição para o Brasil, e é frequentemente analisada por historiadores como uma representação realista da sociedade brasileira colonial, assim como são constantemente encontradas nos livros de história.
Publicada em Paris no ano de 1834, a obra é composta de 153 pranchas, acompanhadas de textos que explicam cada retrato.
O livro é dividido em 3 tomos:
- O primeiro representa os indígenas, aspectos da mata brasileira e da vegetação nativa em geral.
- O segundo representa os negros escravizados em suas atividades.
- O terceiro tomo se trata de cenas cotidianas, manifestações culturais, festas e as tradições populares.
Características de Debret
Debret fazia parte do neoclassicismo francês. O movimento artístico teve como base os ideais do Iluminismo e um renovado interesse pela cultura da Antiguidade Clássica. Dentre as principais características de Debret estão:
- Estilo romântico (mesmo sendo considerado como um pintor do neoclassicismo).
- Retratação de temas religiosos, bélicos e ligados ao imperador francês Napoleão Bonaparte.
- No Brasil, suas obras retratam paisagens, cenas cotidianas, a cultura e o povo brasileiro.
- Por meio do uso de cores vivas, suas aquarelas mostram sentimentos e emoções das figuras retratadas.
- O individualismo, característica das obras românticas, também se faz presente em suas pinturas.
- Detalhista, Debret buscou retratar com cuidado todos os aspectos das cenas e regiões retratadas.
Principais obras neoclassicistas
- Régulus voltando a Cartago (1791)
- Le général méssénien Aristomène delivré par une jeune fille (1798)
- Primeira distribuição das cruzes da Legião de Honra (1804–1812)
- O médico Esístrato descobrindo a causa da moléstia do jovem Antíoco (1804)
- Napoleão presta homenagem à coragem infeliz (1805)
- Napoleão em Tilsitt condecorando com a Legião de Honra um soldado russo (1808)
- Napoleão falando às tropas (1810)
- A primeira distribuição de cruzes da Legião de Honra na Igreja dos Inválidos (1812)
Principais obras do Brasil colonial
- Caçador de Escravos (1820–1830)
- Interior de uma casa cigana (1820)
- Castigo de escravo (1825)
- Retrato de D. João VI (1817)
- Família de um chefe Camacan se preparando para uma festividade (1820–1830)
- Coroação de D. Pedro I (1822)
- Casamento de D. Pedro I (1829)
- Costumes dos ministros e secretários de Estado (1826)
- Tocador de Berimbau (1826)
- Família de Botocudos em marcha (1834)
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