Populismo e as ditaduras na América Latina
Confira a relação do populismo com as ditaduras da América Latina!
O populismo foi uma prática política presente na América Latina, principalmente entre os anos de 1930 e 1960, impulsionado pela crise de 1929.
Vários dos países latinos, considerados possuidores de uma economia periférica, viveram um período de avanço econômico, aliado ao desenvolvimento das cidades e às mudanças sociais e políticas.
Foi nesse contexto, permeado por intensas transformações, que o populismo ganhou terreno ao adotar um líder como o salvador do povo e do país.
É importante salientar que o populismo tem como marca direcionar suas práticas às camadas desprivilegiadas socialmente.
Origem do populismo
A origem do populismo remonta aos reinados de Tibério Graco, Caio Mário, Júlio César e César Augusto, imperadores romanos.
Conhecida sob a designação “Pão e Circo”, a população romana era impelida a apoiar esses imperadores por meio da distribuição de alimentos e de espetáculos.
Da mesma maneira, o populismo adota práticas que visam manipular a população através de paixões que os fazem nutrir sentimentos de acolhimento e gratidão. Em troca do vínculo emocional estabelecido com o povo, o político recebe apoio e poder.
Como resultado, cria-se uma relação de dominação imperceptível por quem é dominado, vigorando um autoritarismo.
Populismo
Ao ser caracterizado pela ascensão de líderes carismáticos que atuam visando conquistar o apoio das maiorias, o populismo se apoia na defesa dos interesses do país, ao invés de fazer uso de ideologias.
Assim, ele utiliza dos mais variados meios para propagar a crença de que a população deve confiar no líder acima de qualquer outra coisa.
O populismo dá prioridade ao atendimento das necessidades das camadas empobrecidas, colocando-os em um rol de prioridades urgentes frente aos “inimigos da nação”.
É fato que o populismo permitiu que grupos sociais que foram historicamente colocados à margem da sociedade pudessem atuar politicamente.
No entanto, as práticas populistas não podem ser confundidas com a plena democracia, pois o Estado passa a controlar esse grupo social utilizando de várias ferramentas para tal fim.
Uma das principais características do populismo é a aproximação do líder com o povo, marcada por mecanismos de controle que não dão espaço para o surgimento de tendências políticas que contestem a ordem vigente.
Os políticos populistas se caracterizam por desarticular as oposições políticas e se apoiar em uma troca de favores com o povo que, ao verem suas demandas atendidas, apoiam incondicionalmente o líder responsável pelo país.
O assistencialismo e o autoritarismo são marcas dos governos populistas que veem nos meios de comunicação uma importante ferramenta de divulgação dos feitos do governo.
A instalação e o controle desses meios visam difundir uma propaganda oficial massiva que tem como objetivo atingir as diferentes camadas sociais por meio de um amplo uso de jornais, revistas e rádios.
Populismo na América Latina
A ascensão do populismo na América Latina era vista com desconfiança por algumas tendências políticas.
O controle das massas, aliado à valorização dos interesses nacionais, colocava em risco os interesses das elites que tinham o controle do setor industrial e agrário.
Assim, é correto dizer que o populismo se enfraqueceu a partir do momento em que não conseguiu atender aos interesses das elites e da classe trabalhadora, que eram, na maioria das vezes, antagônicos.
Quando a tensão política chegou no seu auge, as elites e os grupos conservadores buscaram apoio político nos Estados Unidos.
O objetivo era acabar com o populismo que, para eles, não tinha uma perspectiva política compreensível e implantar ditaduras que vigoraram nos países latino-americanos entre os anos de 1950 e 1970, como a ditadura militar no Brasil, no Chile e na Argentina.
Na América Latina, podemos citar como exemplos de experiências populistas:
- Juan Domingo Perón (1946–1955/1973–1974), na Argentina;
- Lázaro Cárdenas (1934–1940), no México;
- Gustavo Rojas Pinilla (1953–1957), na Colômbia;
- Getúlio Vargas (1930–1945), no Brasil.
Mesmo sendo considerada uma prática do passado, atualmente podemos notar a presença do populismo em alguns governos da América Latina.
Populismo no Brasil
Podemos citar Getúlio Vargas como o principal líder populista do Brasil, principalmente no período que compreendeu o Estado Novo.
Nessa fase foram adotadas ações populistas, como a valorização da figura do líder, o discurso nacionalista e a participação das camadas populares em eventos cívicos.
Não havia eleições presidenciais, existia uma polícia política que controlava os opositores de Vargas, não permitindo que eles se manifestassem livremente e havia, ainda, o controle dos meios de comunicação, que eram amplamente censurados.
O governo de Vargas se caracterizou pela difusão do rádio, que se tornou o meio de comunicação mais popular do país.
Assim, todos os programas transmitidos por essa ferramenta, eram duramente controlados pelo governo que até mesmo criou um programa voltado para divulgar os feitos do presidente.
Os governos de Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros seguiram essa mesma tendência populista, mostrando que tinham todos os instrumentos necessários para solucionar os problemas do país.
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