Marcel Duchamp
Pintor, escultor e poeta francês, Duchamp foi um dos principais representantes do dadaísmo e do surrealismo. Inventor da estratégia ready-made, também foi percursor da arte conceitual e abstrata.
Marcel Duchamp foi um importante pintor, escultor e poeta francês, naturalizado norte-americano. Conhecido como um dos precursores da arte conceitual, do dadaísmo, surrealismo, expressionismo abstrato e inventor da estratégia ready-made.
Podemos considerar Duchamp como um artista inovador, polêmico e revolucionário. Conheça um pouco mais de sua biografia!
Biografia de Duchamp
Henri-Robert-Marcel Duchamp nasceu em Blainville-Crevon, França, no dia 28 de julho de 1887. Caçula de seis irmãos, foi um dos quatro que seguiram carreira artística. Aos 14 anos, já pintou suas primeiras obras, repletas de grande influência impressionista.
Dois anos mais tarde, deixou a casa da família e foi morar em Paris com seu irmão. Nesse período, tentou ingressar na Escola de Belas Artes, porém, foi reprovado no exame. Após isso, foi estudar artes na Academia Julian.
Depois de trabalhar um tempo como caricaturista, Duchamp passou rapidamente por todas as tendências como o impressionismo, expressionismo, fauvismo e cubismo, sem se comprometer com nenhum deles. Como caricaturista, fez vários trabalhos de conotação humorística.
Em 1907, cinco de seus trabalhos foram selecionados para o Primeiro Salão de Artistas Humoristas de Paris. Um ano depois, expôs no Salão de Outono e no Salão dos Independentes. A partir daí, começou a pintar telas com influência cubista, como Sonata e Retrato de Jogadores de Xadrez.
Em 1913, produziu Roda de Bicicleta, criando uma das suas principais obras ready-made — manifestação artística que rompia com o tradicional e pegava objetos comuns para transformá-los em obras de arte. Outro exemplo muito conhecido de ready-made é a obra Fonte, criada por ele em 1917, a partir de um urinol.
Dois anos depois, muda-se para Nova York, onde entra em contato com o dadaísmo e torna-se um dos principais representantes desse movimento artístico. Já a década de 20 para Duchamp é dedicada ao jogo de xadrez, período em que ele participa de diversos torneios semi-profissionais.
Após essa fase, o pintor francês estabelece fortes laços com o movimento surrealista, unindo vários artistas do movimento dadaísta.
Em 1955, casa-se com Teeny Sattler e recebe a cidadania americana. Falece no dia 2 de outubro de 1968, em Neuilly-sur-Seine, na França.
Ready-made
As obras ready-made (“já pronto”) foram talvez a maior criação de Duchamp. Tratam-se de objetos prontos e banais que foram esvaziados de sua função prática, tendo como efeito sua remoção dos contextos habituais. Esses objetos são retirados de suas funções e categorizados como obra de arte.
Superando a arte retiniana, têm como objetivo romper com o cartesianismo, dessacralizar a obra de arte e transportar fatores da vida cotidiana sem valor artístico para o âmbito das artes.
Ao fazer isso, Duchamp contraria a ênfase modernista na forma do objeto artístico, se opõe à arte tradicionalista vigente e questiona o significado do termo arte.
Ao longo de seu trabalho, decide qualificar a produção desse tipo de manifestação. A expressão, no início, se referia aos poucos objetos que não sofreram qualquer intervenção formal. Na qualidade de objetos, de algum modo transformados, temos os ready-made ajudados, retificados, corrigidos e recíprocos, segundo o modo pelo qual sua forma sofre interferência por parte do artista.
A obra ready-made mais famosa de Duchamp foi a Fonte, de 1917, um urinol apresentado como uma obra de arte assinada por “R. Mutt” e rejeitado inicialmente pelo júri. A obra só foi aceita quando os avaliadores tomaram conhecimento do verdadeiro criador da escultura.
A partir daí, nasce a arte conceitual, na qual a obra não tem mais um valor estético, mas um valor ligado ao seu significado em determinado contexto.
Renúncia à arte
Em 1923, Duchamp renunciou publicamente a arte e disse que passaria a vida jogando xadrez. Exímio jogador, participava de várias equipes de torneios franceses. Secretamente, no entanto, continuou trabalhando de 1923 a 1946, com o seu alter-ego feminino. Assinando como “R. Mutt”, continuou produzindo obras ready-made.
Seu último trabalho foi Étant Donnés, escultura realizada em segredo pelo artista, na intenção de apresentá-la apenas após sua morte.
A obra consiste em uma porta de madeira montada em uma moldura de tijolo. Na porta, há dois furos, através dos quais o espectador vê a perturbadora cena de uma mulher nua deitada em uma cama de gravetos, segurando uma luz acesa.
As obras de Duchamp deixaram um legado importante para as experimentações artísticas subsequentes, tais como o dadaísmo, o surrealismo, o expressionismo abstrato e a arte conceitual.
Esculturas
A Fonte, criada em 1917, causou grande alvoroço no meio artístico quando foi exposta. É considerada a obra ready-made de maior destaque na história da arte.
Assinada pelo pseudônimo feminino de Duchamp, R. Mutt, chegou a ser recusada pelo júri. A obra só foi aceita quando os avaliadores tomaram conhecimento que era uma escultura de Duchamp.
A obra O Grande Vidro foi iniciada em 1913, quando Duchamp fez os esboços e comprou duas placas de vidro, que são suportes do trabalho, finalizado apenas em 1923.
É conhecida também pelo título: A noiva despida pelos seus celibatários. Em 1945, a conceituada revista de moda Vogue estampou em sua capa uma modelo atrás de O grande vidro, como se ela fosse a própria noiva da obra.
Na obra L.H.O.O.Q., Duchamp utilizou como suporte um cartão com a representação da famosa tela Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci.
Na Mona Lisa tradicional, Duchamp acrescentou bigode e cavanhaque, feitos a lápis e escreveu a sigla L.H.O.O.Q na parte inferior.
As letras, lidas em francês, produzem uma sonoridade parecida com “Ela tem fogo no rabo”. A obra foi encarada pela crítica como uma grande provocação, característica marcante da personalidade de Marcel Duchamp.
Principais obras de Duchamp
- Nu descendo a escada (1912–1916)
- Roda de bicicleta (1913)
- Porta-garrafas (1914)
- Fonte (1917)
- O Grande Vidro (1915–1923)
- Rapaz e Moça na Primavera (1911)
- Em Antecipação ao Braço Quebrado (1915)
- Com Ruído Secreto (1916)
- Chèque Tzanck (1919)
- L.H.O.O.Q (1919)
- Ar de Paris (1919)
- Viúva fresca (1920)
- Porta – Garrafas (1964)
Dadaísmo
O dadaísmo, conhecido também como movimento dadá, foi a vanguarda europeia mais irreverente e polêmica do século XX. O movimento carregava como lema a destruição como criação, questionando a arte por meio da ironia.
Surgiu no auge da Primeira Guerra Mundial, como forma de contestação à arte tradicional vigente. Alguns artistas, em sua maioria, franceses e alemães, exilaram-se na Suíça, devido à discordância do posicionamento de seus países frente à Primeira Guerra. Surge, então, dentro de um cabaré em Zurique, o movimento dadaísta.
O intuito principal do início do movimento era chocar a burguesia da época e criticar a arte tradicionalista, a guerra e o sistema. Por meio de seu caráter ilógico, nonsense, antirracionalista e de protesto, o dadaísmo foi também um importante propulsor das ideias surrealistas.
Além de Duchamp, os principais artistas do dadaísmo foram: Hugo Ball, Hans Arp, Tristan Tzara e Max Ernst.
Frases de Duchamp
Será arte tudo o que eu disser que é arte.
A arte tem o belo costume de fazer tábula rasa de todas as teorias artísticas.
A arte é a única forma de atividade por meio da qual o homem se manifesta como verdadeiro indivíduo.
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