25 Mulheres que fizeram história no Brasil
A história do Brasil é escrita por diferentes pessoas que a constituem, dentre elas as mulheres - brasileiras de múltiplas etnias e classes sociais.
A narrativa de um país é constituída pela multiplicidade de pessoas e locais que a constituem. E no caso do Brasil, não poderia ser diferente.
Os brasileiros possuem uma herança social, histórica, econômica e política marcada por sua colonização e multiplicidade cultural.
O seu povo, cuja formação se dá como uma colcha de retalhos, carrega uma herança e memória social. Nesse rol, estão as mulheres, lutadoras de seus direitos e espaços sociais.
Pensando nisso, selecionamos 25 mulheres brasileiras que fizeram história. Veja a seguir:
1 Paraguaçu (1495-1583) – Índia Tupinambá
A índia da tribo dos tupinambás, Paraguaçu, era filha do cacique Taparica e esposa de Caramuru, o português Diogo Álvares Correia. Após se converter ao catolicismo, recebe o nome de Catarina do Brasil ou Catarina des Granges.
Paraguaçu esteve junto com Caramuru na fundação de Salvador, abrindo igrejas e cuidando de conventos.
Em 1853, veio a óbito, deixando todos os seus bens aos beneditinos.
2 Ana Pimentel (1500?-?) – Procuradora e administradora
Ana Pimentel Henriques Maldonado era uma fidalga espanhola, esposa de Martim Afonso de Sousa.
Enquanto o marido estava na missão na Índia, ela ficou em Lisboa respondendo por seus negócios brasileiros.
Portanto, foi nesse período que Ana Pimentel deu início ao plantio de cana de açúcar em Cubatão e a criação de gado na Capitania de São Vicente, atual São Paulo.
3 Dandara dos Palmares (?? – 1694)
Dandara Palmares foi esposa de Zumbi dos Palmares. Junto com o marido travou batalhas em prol da liberdade dos escravos, durante o período colonial.
Vista como uma mulher de iniciativa, sua história é cercada por mistérios, mas sabe-se que jamais fugia de lutas. Dandara também praticava capoeira, sabia maneja armas, assim como caçar.
4 Chica da Silva (1732-1796) – Escrava alforriada
Francisca da Silva nasceu no Arraial do Tijuco, hoje Diamantina (MG), sendo escrava de um médico com quem teve um filho.
Depois, o contratador João Fernandes a comprou e se apaixonou por ela, com quem teve 13 filhos.
Chica da Silva, como ficou conhecida, tornou-se uma mulher rica, mas não era totalmente aceita pela sociedade, sendo proibida de entrar em algumas igrejas e casas.
Assim como os seus senhores, andou elegante e teve escravos.
5 Maria Quitéria (1792-1853) – Militar
A baiana de Feira de Santana, Maria Quitéria, foi a primeira mulher a fazer parte do Exército Brasileiro. Ela se disfarçava de homem para poder se enquadras nas tropas.
Maria Quitéria participou de várias batalhas, entre elas a Independência do Brasil.
Ademais, recebeu a condecoração da Ordem Imperial do Cruzeiro, pelo Imperador Dom Pedro I.
6 Anita Garibaldi (1821-1849) – Líder militar
Anita Ribeiro de Jesus, mais conhecida como Anita Garibaldi, foi esposa do italiano Giuseppe Garibaldi.
Corajosa, a chamada “Heroína dos dois Mundos” participou de diferentes guerras, entre elas a Revolução Farroupilha (Guerra dos Farrapos), a Batalha dos Curitibanos e a Batalha de Gianicolo, na Itália.
7 Maria Tomásia Figueira Lima (1826-1902) – Abolicionista
A cearense Maria Tomásia Figueira Lima foi a responsável pela fundação, em 1882, da Sociedade Abolicionista das Senhoras Libertadoras.
No dia de sua posse como presidente, 83 cartas de alforria foram entregues.
8 Princesa Isabel (1846-1921) – Princesa Imperial do Brasil
A princesa Isabel do Brasil foi a segunda filha do imperador Dom Pedro II e da imperatriz Dona Tereza Cristina.
Durante o império, foi ela quem assinou a Lei Áurea, decretando o fim da escravidão no Brasil.
9 Chiquinha Gonzaga (1847-1935) – Compositora, pianista e maestrina
Francisca Edwiges Neves Gonzaga, a popular Chiquinha Gonzaga, foi uma pianista autodidata.
No ano de 1884, estreou a opereta “A Corte na Roça”, cuja qual regência era sua, atribuindo-lhe o espaço de primeira maestrina brasileira.
Também se envolveu na luta em desfavor a escravidão, pela garantia dos direitos autorais e femininos.
Chiquinha Gonzaga recusou a divulgar suas partituras sob pseudônimo masculino, além de causar um alvoroço na sociedade com a vida amorosa, questionável aos padrões da época.
Ademais, foi precursora de marchinhas de carnaval e o seu aniversário (17 de outubro) foi tido como o Dia Nacional da Música Popular Brasileira.
10 Narcisa Amália de Campos (1856-1924) – Jornalista e poeta
Narcisa Amália de Campos é tida como a primeira jornalista profissional do Brasil.
Ela fundou o jornal voltado para o público feminino, o Gazetinha. Além disso, escreveu poesias, publicando o livro Nebulosas.
11 Tarsila do Amaral (1886-1973) – Pintora e desenhista
A pintora e desenhista paulista, Tarsila do Amaral, é vista como um dos principais nomes do movimento modernista.
Junto com Oswald de Andrade, seu marido, participou da implementação do movimento Antropofágico.
12 Cora Coralina (1889 – 1985)
Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, popularmente conhecida como Cora Coralina, publicou o primeiro livro aos 76 anos de idade.
Ainda que não retrate questões feministas em suas obras, Cora é considerada como um marco na área da literatura.
13 Bertha Lutz (1894-1976) – Botânica, advogada e militante feminista
A carioca Bertha Lutz teve contato com as ideias feministas em Sorbonne.
É a segunda mulher a fazer um concurso público no Brasil, tendo a sua inscrição aprovada apenas depois de uma briga judicial. Depois disso, foi aprovada, passando a ser secretária do Museu Nacional e, logo em seguida, diretora.
Atuou também como educadora, estando presente na fundação da Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher, além de participar da Associação Brasileira de Educação.
Em conjunto com outras mulheres, alcançou o mérito de que o Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, aceitasse que meninas estudassem no local.
No ano de 1928 entrou no curso de Direito, da Universidade do Brasil, com o intuito de compreender o espaço da mulher na legislação brasileira.
No período pela conquista do voto feminino, esteve presente na campanha de Alzira Soriano Teixeira a prefeita.
Em 1935, conquistou o espaço de suplente de deputada.
Seu nome foi atribuído a muitas escolas e ruas pelo país.
Inclusive, no ano de 2001, o Senado brasileiro implementou o Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz.
14 Carlota Pereira de Queirós (1892-1982) – Médica e deputada
A paulista Carlota Pereira de Queirós, primeiramente foi professora, mas depois de se desiludir com a profissão acabou mudando para medicina.
Se formou como médica, em 1926, onde teve notoriedade como hematologista.
Em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, atuou prestando assistência a um grupo de cerca de 700 mulheres feridas.
Elegeu-se como a primeira deputada federal do Brasil, quando fez parte das comissões de saúde e educação. É de sua autoria a emenda que cria a casa do jornaleiro e o laboratório de biologia infantil.
Desse modo, é representativa por romper a hegemonia paulista no legislativo nacional. Ademais, ganhou uma avenida e um busto no bairro de Pinheiros, em São Paulo.
15 Enedina Alves Marques (1913-1981) – Engenheira civil
Enedina Alves Marques foi a primeira mulher negra a concluir o curso de engenharia no Brasil, assim como a pioneira na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Logo depois, ao terminar o curso, atuou no Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica do Paraná. Também fez parte da equipe dos engenheiros na criação da usina hidrelétrica Capivari-Cachoeira (PR).
Outro trabalho sob sua responsabilidade foi a construção da Casa do Estudante Universitário do Paraná e do Colégio Estadual do Paraná, todos em Curitiba.
Como homenagem, o Instituto de Mulheres Negras, de Maringá (PR), foi batizado com o seu nome.
16 Irmã Dulce (1914 – 1992) – Religiosa
Maria Rita de Sousa Brito Lopes, ou apenas Irmã Dulce, debruçou toda a sua vida pelo cuidado às pessoas carentes. Isso desde os 13 anos, quando transformou o seu lar em um espaço de assistência.
Ao longo de todo o seu percurso terreno, realizou projetos filantrópicos, sendo indicada, inclusive ao Nobel da Paz, em 1988.
Não por acaso foi beatificada, em 2011, e canonizada, em 2019.Desse modo, tornou-se a primeira mulher comprovadamente nascida no Brasil a ser canonizada, assim como a 37 ª brasileira.
17 Fernanda Montenegro (1929 – atual) – Atriz
A atriz carioca, locutora, radialista e apresentadora, Fernanda Montenegro, é considerada uma das melhores atrizes brasileiras e intitulada como grande dama do cinema e dramaturgia nacional.
Fernanda Montenegro possui uma voz ativa na defesa das minorias, assim como na importância da mulher no teatro e no cinema.
Também é, até a atualidade, a única mulher brasileira a receber uma indicação ao Oscar. Assim como, entre homens e mulheres, ser a única a receber uma homenagem na categoria de atuação.
Na ocasião, Fernanda Montenegro foi indicada pelo filme Central do Brasil, em 1999. Outro título recebido pela atriz foi o Emmy Internacional, tido como o Oscar da televisão, como a melhor atriz estrangeira, decorrente de seu papel na série Doce de Mãe.
18 Zilda Arns (1934-2010) – Fundadora da Pastoral da Criança
A médica pediatra e sanitarista brasileira, Zilda Arns Neumann, foi indicada inúmeras vezes pelo governo brasileiro ao prêmio Nobel da Paz.
Fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral do Idoso, dedicou a sua vida aos cuidados das crianças, idosos e dos mais necessitados. A médica auxiliou na redução da mortalidade infantil no Brasil, na década de 1980.
Zilda Arns faleceu aos 75 anos de idade, no terremoto do Haiti, em 2010.
19 Maria Esther Bueno (1939-2018) – Tenista
A tenista paulista Maria Esther Bueno praticou tênis desde jovem no Clube Tietê. Muitas vitórias estão no seu currículo, como é o caso das no circuito mundial do tênis, como é o caso de Wimbledon e o US Open.
Maria Esther Bueno recebeu 71 títulos mundiais simples, sendo a primeira do mundo em três anos – 1959, 1964 e 1966. A tenista brilhou no torneio de duplas e consagrou-se com uma medalha de ouro individual e duas de prata em dupla, durante os Jogos Pan-Americanos de São Paulo, em 1963.
Também é a única tenista brasileira com o nome no Salão da Fama Internacional do Tênis (1978).
Nos anos 1970, a tenista deixou as quadras e assumiu a função de comentarista esportiva em canais da TV por assinatura.
Em sua homenagem, a quadra central do Centro de Tênis Olímpico, no Rio de Janeiro, foi batizada com o seu nome.
20 Maria da Penha (1945 – atual) – Farmacêutica
A farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, mais conhecida como Maria da Penha, foi durante anos violentada pelo seu marido.
Em uma das agressões, quase um homicídio, Maria da Penha ficou paraplégica. Após isso, ela foi luta em batalhas judiciais até conseguir a condenação de seu ex-marido.
Contudo, para que isso acontecesse, órgãos internacionais de intermediar, como foi o caso da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Decorrente de sua luta pelo combate à violência doméstica contra a mulher, em 2006, criou-se a lei nº 11.340/06. Em sua homenagem, a legislação foi batizada como Lei Maria da Penha.
Além disso, uma organização não governamental foi implementada com o seu nome: o Instituto Maria da Penha.
21 Cristina Ortiz (1950) – Pianista
A baiana Cristina Ortiz foi, desde criança, talentosa no piano, ingressando logo ao Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro.
Aos 11 anos de idade se apresentou sob regência do maestro Eleazar de Carvalho. Com 15 anos ganhou uma bolsa para estudar em Paris, onde foi aluna da pianista brasileira Magda Tagliaferro (1893-1986).
Depois disso, mudou-se para os Estados Unidos. Lá estudou com Rudolf Serkin (1903-1991) e obteve o reconhecimento de primeira mulher, assim como primeira brasileira, a ganhar o Concurso Van Cliburn (1969).
Na década de 1980, era a única do sexo feminino na série “Os Pianistas”, com a promoção da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), no Rio de Janeiro.
Ao longo de sua carreira, gravou três dezenas de discos; ofereceu master class na Julliard School of Music, em Nova York e na Real Academia de Música, em Londres.
Nos dias atuais, é concertista e recebe, durante os verões, os jovens pianistas para compartilhar a sua experiência musical.
22 Ana Cristina Cesar (1952-1983) – Poeta e tradutora
A carioca Ana Cristina Cesar foi uma das poetas mais relevante na década de 1970, sendo que com os seus seis anos de idade já havia ditado o seu primeiro poema e aos dez articulou a sua memória poética.
Inerente a poesia marginal e a Geração Mimeógrafo, as palavras de Ana Cristina simbolizam a intimidade com o leitor.
Ainda jovem, aos 31 anos, suicidou, deixando um mistério acerca de sua vida. Antes disso, lançou duas obras: A Teus Pés e Luvas de Pelica.
Ana Cristina foi a segunda escritora homenageada na Feira Literária Internacional de Paraty.
23 Raimunda Putani Yawnawá (1980) – Pajé Yawnawá
Raimunda Putani Yawnawá, Pajé Yawnawá, é uma índia do Acre, sendo pertencente ao povo Yawnawá.
Ela e a sua irmã, Kátia, são as primeiras mulheres da tribo a se interessar pelo treinamento árduo a fim de se tornarem pajés. Nesse treinamento, tiveram que se isolar por um ano, ficando sem beber água e a base de alimentos crus e um líquido à base de milho.
Criadas nos moldes da cultura indígena e dos brancos, a língua portuguesa é proferida por elas com tranquilidade.
Raimunda e Kátia foram consagradas como uma espécie de embaixadoras da cultura Yawnawá.
Todavia, a Pajé Yawnawá foi selada pelo Senado brasileiro com o Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz.
24 Daiane dos Santos (1983) – Ginasta
Daiane Garcia dos Santos foi a primeira ginasta brasileira, entre homens e mulheres, a receber uma medalha de ouro em um campeonato mundial. Isso em 2003, durante o Campeonato Mundial de Anaheim, nos Estados Unidos.
Descoberta ainda criança, na praça da cidade gaúcha a qual morava, a atleta passou a se dedicar ao esporte.
A princípio, os brasileiros não podiam participar da ginástica artística. Porém, na nova leva de atletas, pela primeira vez, o Brasil se classificou por equipes nas Olimpíadas de Atenas, de 2004.
Em 2008, nas Olimpíadas de Pequim (2008), todos torciam para ela. Uma excelente conquista foi obtida mais uma vez, pela primeira vez o Brasil chegou a final por equipes e a ginasta no solo individual. Porém, um erro a colocou na sexta colocação.
Daiane dos Santos teve ótimos resultados na prova de solo, a qual criou coreografias com músicas brasileiras. Ademais, dois movimentos do esporte foram registrados com o seu nome.
A ginasta abriu portas para os que sonham com a ginástica artística, se tornando depois uma empresária e desenvolvendo projetos em torno do esporte.
25 Marta Vieira (1986 – atual) – Jogadora
Marta Viera da Silva, a camisa 10 da seleção feminina de futebol, é uma jogadora que tem se destacado no cenário do futebol – esporte tido como majoritariamente masculino.
Atualmente jogando pelo Orlando Pride, dos Estados Unidos, a atacante já foi eleita por seis vezes como melhor jogadora de futebol do planeta – cinco títulos consecutivos.
Na Copa do Mundo de Futebol Feminina, em 2019, emocionou o público com o discurso sobre a luta das mulheres no futebol.
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