Ésquilo

O mais antigo dos dramaturgos gregos, conheça a história de Ésquilo. Autor de peças como Prometeu Acorrentado e Os Persas, foram importantes fontes de informação sobre a história da Grécia Antiga.

Ao lado de Eurípedes e Sófocles, Ésquilo foi um dos mais importantes dramaturgos e poetas gregos. Conhecido como o Pai da Tragédia, é o mais antigo dos três trágicos gregos e foi o autor da famosa peça Prometeu Acorrentado.

Das 79 peças escritas pelo autor, apenas sete sobreviveram à modernidade. Suas peças, como Os Persas, continuam sendo uma grande fonte de informação sobre a história da Grécia Antiga.

Biografia de Ésquilo

Pouco se sabe sobre a vida de Ésquilo. Estudos indicam que nasceu por volta de 525 a.C., em Elêusis, pequena cidade próxima a Atenas. De família nobre, começou a escrever desde muito cedo.

Quando jovem, trabalhava em um vinhedo. Segundo histórias da época, o deus Dionísio o visitou em sonho e ordenou que se voltasse à arte. Ao acordar do sonho, começou a escrever uma tragédia, cuja primeira performance se deu em 499 a.C.

Guerreou como soldado em Maratona, Salamina e Plateias, tornando-se herói grego aos 35 anos. As experiências como soldado certamente foram uma das maiores fontes de inspiração para a criação de sua obra teatral.

Em 490 a.C., Ésquilo e seu irmão, Cinegiro, lutaram Atenas do exército persa de Dário I, na Batalha de Maratona. Embora Atenas tenha vencido, seu irmão Cinegiro morreu durante o combate. Inspirado na batalha, escreve Os Persas e ganha seu primeiro prêmio na Dionísia.

Ésquilo foi iniciado no Mistério de Elêusis, culto devotado à deusa Deméter e, segundo Aristóteles, Ésquilo teria revelado alguns dos segredos do culto secreto e sigiloso no palco.

Por esse motivo, muitos tentaram matá-lo, mas o poeta grego fugiu e foi poupado da morte devido ao seu serviço nas Guerras Persas. Viajou para a Silícia algumas vezes e durante uma destas viagens escreveu As Mulheres de Etna.

Embora fosse um adepto da racionalidade helênica, adotou como religião o monoteísmo. Dessa forma, oscila entre o misticismo do Oriente e a filosofia grega vigente de sua época.

Morreu na Silícia, em 456 ou 455 a.C. Segundo relatos, foi morto por uma tartaruga derrubada por uma águia sobre sua cabeça. Após sua morte, suas tragédias passaram a ser as únicas reencenadas nas edições subsequentes das competições teatrais da cidade.

Seus filhos, Eufórion e Evéon, e seu sobrinho, Filócles, o tomaram como exemplo e também se tornaram dramaturgos. Na lápide de Ésquilo não existia nenhuma menção às suas tragédias, apenas às suas glórias militares.

Estilo poético

As tragédias de Ésquilo são marcadas por um tom apaixonado, diálogos ardentes e enredos heroicos. Otimista nato, preza sempre pela vitória do bem sobre o mal. Porém, com os inúmeros combates da Grécia pela supremacia entre os outros povos, nasce a primeira tragédia conhecida, As Suplicantes.

Ésquilo defende que a presença do mal está no próprio homem, sem a interferência divina pregada pela Mitologia Grega. Sua visão espiritualizada é a principal característica que o distingue dos demais dramaturgos.

Por meio de uma linguagem sonora e metáforas ousadas, tratou de temas humanos, mitológicos e políticos. Uma característica marcante da dramaturgia esquiliana foi a escrita de triologias interligadas, onde cada peça funcionava como um capítulo de uma narrativa dramática contínua.

Na peça Prometeu Acorrentado, Ésquilo expõe sua posição política, alinhada com a nobreza, em oposição ao novo regime e aos governantes emergentes. Por meio da reinterpretação de mitos gregos, defendeu a pólis, cidade-estado grega como expressão de uma cultura mais elaborada.

Os ideais propagados por suas tragédias são: a fatalidade, as taras hereditárias, o ciúme e intervenção dos deuses e a inferioridade da força ante o espírito. Segundo o dramaturgo grego, as taras hereditárias são desencadeadas pelo pecado e pelas maldições que acompanham o indivíduo.

Teatro de Dioniso
Teatro de Dioniso, em Atenas, onde muitas das peças de Ésquilo foram encenadas.

Obras de Ésquilo

Alguns estudiosos afirmam que Ésquilo produziu 79 tragédias, já outros dizem ser mais de 90. Do total, apenas sete foram preservadas. São elas:

  • Os Persas (472 a.C.)
  • Sete Contra Tebas (467 a.C.)
  • As Suplicantes (c. 463 a.C.)
  • Prometeu Acorrentado (c. 462-459 a.C.)
  • Agamemnon (458 a.C.)
  • Coéforas e Eumênides (458 a.C.)

As três últimas formam a trilogia Oresteia, única que sobreviveu integralmente. As três obras são umas das mais comoventes peças trágicas da Antiguidade.

Tragédias gregas

Podemos definir a tragédia grega como um tipo de drama onde um herói trágico luta contra um fator transcendental que manipula o curso dos acontecimentos. Esse foi o gênero teatral mais encenado durante a Grécia Antiga.

Com um final sempre dramático, a tragédia causa terror e piedade aos leitores, ocasionando o que chamamos de catarse, que nada mais é que uma forma de purificação por meio do sofrimento alheio. Na tragédia grega, destacam-se os dramaturgos Ésquilo, Eurípedes e Sófocles.

Segundo o filósofo grego Aristóteles, a tragédia era um gênero maior capaz de transmitir as sensações vividas pelas personagens. Sendo assim, a comédia e a tragicomédia foram considerados gêneros menores.

Após os três dramaturgos gregos, alguns autores tentaram produzir tragédias, como Racine e Shakespeare. No entanto, podemos dizer que os textos têm apenas características do trágico, tais como:

  • Presença de um fator transcendental (destino, deuses, mitologia, etc.);
  • Clima de tensão definitivo e indícios de um possível final trágico;
  • Unidade de salvação e aniquilamento, isto é, com a intenção de salvar-se, o herói acaba sendo responsável pelo seu próprio aniquilamento.
Máscaras gregas
Máscaras usadas nas peças trágicas gregas.

Frases de Ésquilo

Não seja descomedido nas palavras. Palavras temerárias são expiadas severamente.

Não me iludas com uma mentira… Trair a verdade é o mais vergonhoso dos vícios.

É bom aprender a ser sábio na escola da dor.

A verdadeira sabedoria está em não parecermos sábios.

As palavras são um remédio para a alma que sofre.

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