Tudo sobre agrotóxicos
A agricultura é essencial desde o início da humanidade. Para melhorar a produtividade, os agrotóxicos são muito usados. Confira tudo sobre agrotóxicos!
A agricultura é o conjunto de técnicas que visa o cultivo de plantas, seja para uso em outras indústrias ou consumo como alimento. Uma prática comum na agricultura intensiva é o uso de insumos que aumentam a produtividade.
Um insumo amplamente utilizado é o agrotóxico, que é um agente químico com o objetivo de controlar pragas nas plantações. Contudo, há muito debate acerca do uso dessa substância. Confira tudo sobre agrotóxicos!
História dos agrotóxicos
Os agrotóxicos não foram criados como técnica agrícola, mas sim como arma química. Inicialmente na Primeira Guerra e amplamente na Segunda Guerra Mundial, os agrotóxicos eram desenvolvidos como arma química.
O primeiro agrotóxico, o composto DDT, foi sintetizado em 1874 por Othomar Zeidler. Porém, somente em 1939, Paul Muller descobriu suas propriedades inseticidas. Por essa razão, Muller recebeu o Prêmio Nobel de Química, em 1948.
O DTT é um inseticida capaz de matar o inseto propagador da malária e era um grande aliado, até que se descobriu que, assim como todos os compostos organoclorados, é cancerígeno, teratogênico e cumulativo no organismo.
Após as guerras, foi articulado uma expansão de negócios, entre eles, a indústria química. Assim, para combater a fome, iniciaram a chamada Revolução Verde.
O movimento chegou ao Brasil na década de 60. Com ele, o financiamento bancário para comprar sementes só seria aprovado se comprasse juntamente o adubo e agrotóxico.
Como consequência dessa política, houve uma grande contaminação ambiental e, enquanto vários países diminuem o uso de agrotóxicos, o Brasil segue consumindo de forma exacerbada.
Tipos de agrotóxicos
Os agrotóxicos podem ser classificados de acordo com as pragas que controlam. Sendo assim, os tipos de agrotóxicos são:
- Herbicidas – controlam plantas invasoras;
- Inseticidas – controlam insetos;
- Fungicidas – controlam fungos;
- Bactericidas – controlam bactérias.
Além disso, também podem ser agrupado de acordo com a classificação toxicológica. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) separa da seguinte forma: pouco tóxicos, medianamente tóxicos, altamente tóxicos e extremamente tóxicos.
Vantagens e desvantagens dos agrotóxicos
As principais vantagens do uso de agrotóxicos são o controle de pragas agrícolas e, consequente, a melhoria de produtividade. Contudo, as desvantagens são numerosas:
- Desequilíbrio ambiental;
- Desenvolvimento de doenças;
- Poluição do solo;
- Poluição da água.
Agrotóxicos e meio ambiente
O uso de agrotóxico impacta o solo, seja diretamente por meio de aplicações ou pela água escoada. Assim, o solo pode reter contaminantes, o que resulta na perda de fertilidade, micorrizas, biodiversidade e desequilíbrio de acidez, entre outras consequências.
Além disso, o ar também recebe quantidades de agrotóxicos, contaminando os organismos que respiram na região da dispersão.
A água, por sua vez, é fortemente impactada com o uso dessas substâncias. A presença de agrotóxicos pode desencadear a morte de inúmeros organismos aquáticos e o desequilíbrio do ecossistema. Algumas espécies, ainda, podem não morrer com os contaminantes, mas sim acumular agrotóxicos e prejudicar a cadeia alimentar.
Agrotóxicos nos alimentos
A discussão sobre a presença de agrotóxicos nos alimentos está cada vez mais frequente. A Anvisa, com o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), realizou uma pesquisa entre 2013 e 2015, que avaliou a presença e consequência de agrotóxicos em mais de 12 mil amostras de alimentos.
A pesquisa analisou os alimentos mais presentes da culinária brasileira e a intoxicação que pode ocorrer com o consumo desses alimentos, que tiveram o uso de agrotóxicos no cultivo.
- Laranja — de 744 amostras, 90 apresentavam potencial de risco agudo;
- Abacaxi — de 240 amostras, 12 apresentavam potencial de risco agudo;
- Couve — de 228 amostras, 6 apresentavam potencial de risco agudo;
- Uva — de 224 amostras, 5 apresentavam potencial de risco agudo.
Com isso, é apontado a preocupação acerca do consumo de alimentos com agrotóxicos, uma vez que as substâncias permanecem no produto apesar da limpeza. Além disso, o consumo elevado e contínuo pode acarretar uma série de doenças.
Agrotóxicos no Brasil
O Brasil é uma grande potência na indústria agropecuária e, assim, também é um grande consumidor de defensivos agrícolas. Segundo a Revista Pesquisa Fapesp, a comercialização de agrotóxicos no Brasil movimenta cerca de US$ 10 bilhões por ano.
Pesquisa da Anvisa aponta que, desde 2008, o Brasil é o maior consumidor desses produtos no mundo, com ênfase no uso de pesticidas.
O Ministério da Agricultura aprovou o registro de agrotóxicos de elevada toxicidade em 2019. No Brasil, foi registrado o uso de cerca de 450 agrotóxicos, sendo que apenas 52 apresentam baixa toxicidade.
Além disso, a Anvisa divulgou que defensivos agrícolas banidos em países como China, Estados Unidos e países da União Europeia têm como principal destino o Brasil, atualmente.
Doenças causadas por agrotóxicos
Como os agrotóxicos estão presentes constantemente nos alimentos comuns do cotidiano, o consumo tende a ser elevado. Dessa forma, várias doenças podem ser consequências desse consumo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registradas 20 mil mortes por ano devido ao consumo de agrotóxicos.
As doenças mais comuns decorrentes da contaminação são:
- Câncer e paralisia;
- Problemas neurológicos e cognitivos;
- Dificuldades respiratórias;
- Irritações na pele e alergias;
- Aborto e má formação do feto.
Os trabalhadores rurais são amplamente expostos aos agrotóxicos, muitas vezes sem o equipamento adequado. Por essa razão, há um elevado índice de ocorrências de doenças entre esse grupo.
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