Machado de Assis
De família pobre, mestiço, filho de escravos alforriados, veja como Machado de Assis se tornou um dos maiores escritores que o Brasil conheceu.
Quem foi Machado de Assis? Machado de Assis foi um dos escritores mais importantes do Brasil.
Muitos o conhecem apenas por Dom Casmurro, mas ele escreveu diversas obras importantes para a literatura brasileira, como também fundou e presidiu a Academia Brasileira de Letras.
Publicou mais de 200 contos, 10 romances, publicações de diversos gêneros, como folhetins e peças teatrais, tornando-se referência como grande cronista de sua época.
Biografia
Joaquim Maria Machado de Assis, conhecido como Machado de Assis, nasceu no dia 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Mestiço, filho de escravos alforriados, sem acesso aos estudos, tornou-se um dos maiores nomes da literatura brasileira.
Morou no Morro do Livramento até os 10 anos, idade em que perde sua mãe e vai morar com o pai em São Cristóvão. Publicou seu primeiro poema, Ela no jornal Marmota Fluminense.
Testemunhou o abolicionismo no Brasil e a passagem do país de Império para República, tendo sido grande comentador e narrador dos eventos político-sociais de sua época.
Lutou para ascender socialmente, acessando muita literatura e cultura de capital. Assumiu diversos cargos públicos e tornou-se conhecido por suas crônicas e contos publicados nos jornais da cidade. Posteriormente, fundou e foi o primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de Letras.
Pegou aulas de latim e francês com o professor Padre Antônio José da Silveira Sarmento. Em seguida, tornou-se revisor de provas de tipografia e colaborou no jornal O Paraíba e no Correio Mercantil, respectivamente.
Além disso, também foi um dos sócios fundadores da Arcádia Fluminense. Com mais de 200 contos e 10 romances publicados, morreu no dia 29 de setembro de 1908, com uma úlcera cancerosa na boca.
Características das obras
Em suas obras, por meio de ironias e metalinguagens, o escritor criticou vários valores burgueses de sua época. Sendo essencialmente um escritor realista, instaurou o Realismo Psicológico, percebido em seus romances por meio de diálogos diretos com o leitor. Esse modelo machadiano também é perceptível nas reflexões sobre os acontecimentos que se passam no romance.
Em Dom Casmurro, por exemplo, é como se ele dialogasse com o leitor, questionando-o sobre pontos do romance a todo momento. Característica similar à quebra da quarta parede no teatro, quando o ator cria um diálogo direto com o espectador.
Enquanto escritor, a narrativa de Machado pode ser dividida em duas fases. A primeira essencialmente mais romântica, predominando obras como Ressurreição, Queda que as mulheres têm pelos tolos e o livro de poesias Crisálidas.
Já a segunda fase, iniciada com a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, é marcada por traços de pessimismo e ironia. Essa fase teve início com a internação do escritor devido a seu quadro de epilepsia e o acompanhou até o fim de sua vida.
Epilepsia e gagueira
Segundo biógrafos ortodoxos, Machado de Assis nasceu com epilepsia e gagueira. Além disso, acredita-se que ao longo de sua vida, desenvolveu problemas nervosos, cegueira e depressão, agravados após o falecimento de sua esposa.
As crises epilépticas teriam se iniciado na infância, tendo-se tornado menos frequentes na adolescência e agravando-se na terceira década, tornando-se mais frequentes nos últimos anos de sua vida.
Em 1880, perdeu parcialmente a visão, tendo que ouvir a esposa ler para ele os textos de jornais ou livros. Certa vez lhe notaram a dificuldade com que se expressava por conta das mordeduras na língua. No entanto, disfarçando a gagueira, o escritor lamentou: “estas aftas, estas aftas…”.
O escritor nunca assumiu nenhuma das doenças, mas praticamente todos os seus biógrafos fizeram o diagnóstico da epilepsia. Isso porque, em vida, Machado apresentava alterações de consciência, automatismos e confusões pós-críticas.
Principais obras
Machado de Assis escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário.
Ao todo, publicou 10 romances, 10 peças teatrais, 200 contos, 5 coletâneas de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas.
Segue abaixo as principais obras de Machado de Assis:
- Crisálidas (1864)
- Ressurreição (1872)
- Histórias da meia-noite (1873)
- Memórias póstumas de Brás Cubas (1881)
- Quincas Borba (1891)
- Dom Casmurro (1899)
- Esaú e Jacó (1904)
Frases de Machado de Assis
Entendia que há larga ponderação de males e bens, e que a arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal.
E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida.
A vida é cheia de obrigações que a gente cumpre por mais vontade que tenha de as infringir deslavadamente.
Há coisas que melhor se dizem calando. As feridas do coração, como as do corpo, deixam cicatrizes. Nossos corpos são nossos jardins, cujos jardineiros são nossas vontades.
O coração é a região do inesperado.
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