José de Alencar
Romancista, dramaturgo, advogado, político e jornalista, conheça a biografia de José de Alencar, principal representante do romance indianista no Brasil.
José de Alencar foi um romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. É considerado um dos maiores representantes da corrente literária indianista e o principal romancista brasileiro da fase romântica.
Autor de O Guarani e Iracema, o autor exaltou diversos aspectos nacionais e a figura do índio como herói brasileiro. José de Alencar foi também o patrono da cadeira fundada por Machado de Assis na Academia Brasileira de Letras.
Biografia resumida
José Martiniano de Alencar Júnior nasceu no sítio Alagadiço Novo, Messejana, Ceará, no dia 1 de maio de 1829. Filho de José Martiniano de Alencar, senador do império, e de Ana Josefina, foi o primogênito do casal, apelidado como Cazuza.
Sua família transferiu-se para a capital do Império do Brasil, o Rio de Janeiro, e José de Alencar, aos onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar.
Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo, começando o curso de direito em 1846. Fundou a revista Ensaios Literários, onde publicou o artigo Questões de estilo.
Após sua graduação, casou-se com Georgiana Augusta Cochrane, com quem teve seis filhos, entre eles o escritor Mário de Alencar e o embaixador Augusto Cochrane de Alencar.
Em 1956, publicou seu primeiro romance, Cinco Minutos, mas é no ano seguinte, com a publicação de O Guarani, que o autor alcançou a fama. A obra indigenista narra o amor do índio Peri com a mulher branca Ceci.
Dois anos depois, tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 1860, ingressou na política, como deputado provincial no Ceará, pelo Partido Conservador. Seis anos depois, torna-se ministro da Justiça, militando sempre em prol do Brasil Império, defendendo um governo forte e a abolição da escravatura.
Em 1877, viajou para Europa em busca de tratamento médico, mas não obteve sucesso. Morreu no final do mesmo ano, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de tuberculose.
Estilo literário de José de Alencar
José de Alencar deixou um enorme legado na literatura brasileira, com seus romances indianistas, históricos, regionalistas e urbanos. Uma característica marcante de sua obra é o nacionalismo exacerbado, tanto na temática quanto no uso da língua portuguesa.
As principais realizações indianistas em prosa de nossa literatura são seus três romances: O Guarani, Iracema e Ubirajara.
O primeiro romance histórico de nossa literatura foi As Minas de Prata. Já entre os romances regionalistas, destacam-se O Sertanejo e O Gaúcho, que reproduzem costumes típicos e folclóricos dessas regiões.
Os romances urbanos caracterizam a Corte e o meio social carioca do Segundo Reinado, como: A Viuvinha, Senhora, Lucíola e Encarnação. Como poeta, José de Alencar também se destacou, especialmente com o importante poema indianista Os Filhos de Tupã.
Além de poeta e romancista, também foi dramaturgo, escrevendo diversas peças de teatro, com destaque para as comédias: Verso e Reverso, O Demônio Familiar e As Asas de um Anjo.
Em um momento de consolidação da Independência no país, o escritor defendeu a consolidação de um conhecimento e cultura próprios e autônomos, contribuindo na construção de novos caminhos para a literatura no país. Além disso, sua obra constitui a base do romance moderno e contemporâneo.
Romance indianista
O romance indianista marca a busca na literatura por um herói nacional. O indígena foi eleito como a figura de maior representatividade, o branco era considerado como o colonizador europeu, e o negro, como africano escravizado. Dessa forma, o aborígine foi considerado como único e legítimo representante da América.
O indianismo na literatura foi introduzido pela literatura de informação e pela literatura de catequese. Influenciados pela Teoria do Bom Selvagem, de Rousseau, autores como Padre Anchieta, Basílio da Gama e Gonçalves Dias foram os pioneiros na abordagem da importância da figura indígena.
No entanto, foi José de Alencar o escritor de maior expressão do romance indianista, com destaque para as obras: O Guarani, Iracema e Ubirajara.
Os romances apresentaram o indígena como símbolo de bravura e honra, autores da verdadeira e autêntica nacionalidade, observada no amor exacerbado à terra e defesa do território.
O romance indianista foi essencial para resgatar uma identidade nacional, que ficasse mais próxima do contexto nacional.
Romantismo
O romantismo foi um movimento estético e cultural, surgido nos séculos XVIII e XIX, deixou para trás valores clássicos e inaugurou a modernidade nas artes. As obras românticas baseavam-se em valores da burguesia, tendo como características:
- Sentimentalismo exacerbado
- Nacionalismo
- Idealização do amor e da figura feminina
- Tom depressivo (discurso que exalta a fuga da realidade, seja pela morte, pelo sonho ou pela própria arte)
No Brasil, o romantismo surgiu como movimento literário poucos anos depois da independência política de Portugal. Nesse contexto, assumiu como principal objetivo a criação de uma literatura genuinamente brasileira, abandonando os moldes da literatura europeia.
O romantismo brasileiro é dividido em três diferentes fases: primeira , segunda e terceira geração.
Essencialmente nacionalista, indianista e religiosa, a primeira fase foi responsável por orientar todo o movimento, com destaque para José de Alencar e Gonçalves Dias.
Já a segunda geração, ultrarromântica, é marcada pela morbidez e excesso de sentimentalidade, destacando-se os autores Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela.
Por fim, a terceira geração teve como principal representante o poeta Castro Alves. Nessa fase, a temática era mais voltada a causas sociais, sobretudo a escravidão. No entanto, a prosa romântica alcançou maior êxito em relação à poesia no que diz respeito à realização da proposta de criação de uma literatura genuinamente brasileira.
Principais obras de José de Alencar
- Cinco minutos (1856)
- A viuvinha (1857)
- O guarani (1857)
- Lucíola (1862)
- Diva (1864)
- Iracema (1865)
- As minas de prata – 1º volume (1865)
- As minas de prata – 2º volume (1866)
- O gaúcho (1870)
- A pata da gazela (1870)
- O tronco do ipê (1871)
- Guerra dos mascates – 1º volume (1871)
- Til (1871)
- Sonhos d’ouro (1872)
- Alfarrábios (1873)
- Guerra dos mascates – 2º volume (1873)
- Ubirajara (1874)
- O sertanejo (1875)
- Senhora (1875)
- Encarnação (1893)
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