Quantos golpes de Estado houve no Brasil desde a Independência?
Veja quantos golpes de Estado houve no Brasil desde a independência!
O Brasil teve sua independência declarada no dia 7 de setembro de 1822 por Dom Pedro I, o primeiro chefe de Estado do país. Desde então, o cenário brasileiro é permeado por turbulências sociais e políticas que desencadearam diversas revoltas, tentativas de golpes de Estado e golpes de Estado efetivados.
Sendo assim, neste artigo selecionamos nove golpes de Estado ocorridos no Brasil desde a Independência. Confira quais foram eles!
Noite da Agonia (1823)
O primeiro golpe de Estado vivido pelo Brasil foi em 1823, promovido por Dom Pedro I, contra a Assembleia Geral Constituinte Brasileira que elaboraria a primeira Constituição do Brasil.
Formada em maio de 1823, esta Assembleia Constituinte era composta por políticos liberais e conservadores.
Insatisfeito com as medidas que os parlamentares desejavam incluir no texto constitucional, como a limitação do poder do imperador, Dom Pedro I decidiu dissolver a Assembleia na madrugada do dia 12 de novembro de 1823, evento que ficou conhecido como a Noite da Agonia.
Os indivíduos que tentaram resistir à ação militar foram presos e, depois, exilados do país.
Para conseguir, enfim, elaborar uma Constituição, Dom Pedro I formou um Conselho de Estado composto por homens de sua confiança.
Em março de 1824, o soberano outorgou a primeira Constituição do país sem que a mesma fosse analisada por uma Assembleia ou contasse com a participação popular.
Golpe da Maioridade (1840)
O Golpe da Maioridade foi o segundo golpe de Estado sofrido pelo Brasil. Ocorrido no período regencial, marcado pela abdicação de D. Pedro I em favor de seu filho, Pedro de Alcântara, com cinco anos de idade na época.
Com isso, até que o futuro imperador atingisse a maioridade, o país deveria ser governado por regentes.
No entanto, o período regencial se caracterizou por grandes revoltas sociais e complicações políticas protagonizadas por liberais e conservadores.
Visando resolver os conflitos internos e promover o fortalecimento do país, um grupo de políticos formou o “Clube da Maioridade”, que visava adiantar a posse de Pedro II, que tinha apenas 14 anos.
O dia 23 de julho de 1840 foi a data em que Dom Pedro II se tornou imperador e passou a governar o país.
Proclamação da República (1889)
A proclamação da República ocorrida no dia 15 de novembro de 1889 foi resultado de um golpe de Estado comandado pelo Marechal Deodoro da Fonseca.
O movimento republicano se tornou mais expressivo durante o Segundo Reinado, quando alguns líderes desse movimento compunham exército brasileiro.
Mesmo sendo monarquista e amigo do imperador, Deodoro da Fonseca foi convencido pelos conspiradores de que as ações de Visconde de Ouro Preto, ministro do imperador, prejudicavam o exército.
Por ser a principal autoridade militar da época, os republicanos viram no marechal Deodoro da Fonseca a pessoa ideal para liderar o golpe de Estado.
Informado de que derrubariam apenas o ministro de D. Pedro II, Visconde de Ouro Preto, Deodoro reuniu vários soldados para derrubarem o ministro.
Mesmo adoentado, ele foi convencido a assinar o documento que declarava a extinção da monarquia e a moção da república. Era o fim, portanto, da monarquia no Brasil.
Golpe de novembro de 1891
Após o golpe contra a monarquia, Deodoro da Fonseca se tornou o presidente interino do Brasil até a elaboração de uma nova Constituição.
O documento foi aprovado em fevereiro de 1891, determinando que o presidente seria eleito por meio do voto indireto. Com isso, Deodoro se tornou o primeiro presidente do Brasil e seu vice foi o marechal Floriano Peixoto.
Insatisfeito com a pressão que vinha sofrendo da ala oposicionista, ele resolve fechar o Congresso Nacional em novembro de 1891. Em seguida, autorizou o exército a cercar o Senado e a Câmara e a prender os políticos que se opunham a ele.
O complexo caso de Floriano Peixoto
No dia 23 de novembro de 1891, Deodoro da Fonseca renunciou ao posto presidencial, temeroso com a ameaça de bombardeamento na cidade do Rio de Janeiro por parte da marinha que se mostrou contrária ao golpe de Estado promovido por ele.
Com isso, o vice-presidente, marechal Floriano Peixoto assumiu a presidência do país. Como Deodoro da Fonseca estava a menos de um ano no poder, a Constituição determinava a ocorrência de novas eleições presidenciais.
Contudo, Floriano Peixoto não convocou novas eleições alegando que o texto constitucional previa que novas eleições só ocorreriam caso o presidente tivesse sido eleito de modo direto, isto é, pelo voto popular.
Como Deodoro da Fonseca havia sido eleito de modo indireto, ele se manteve no poder, governando com “mãos de ferro”.
Com um perfil ditatorial, sua ascensão ao poder tornou a discussão sobre a ocorrência de golpe, ou não, complexa.
Revolução de 1930
A Revolução de 1930 foi um golpe de Estado liderado por Getúlio Vargas. O estopim desta Revolução foram as eleições presidenciais de 1930 que elegeram Júlio Prestes ao posto presidencial.
A Primeira República (1889-1930) foi marcada pela Política do Café com Leite, caracterizada pela alternância de poder entre representantes políticos dos estados de Minas Gerais e São Paulo.
A vitória de Júlio Prestes, político paulista, causou revolta nos mineiros que, de acordo com a política que vigorava na época, deveriam eleger o próximo representante.
O candidato que concorreu às eleições com Júlio Prestes (e saiu derrotado) foi o gaúcho Getúlio Vargas, que, insatisfeito com o resultado das eleições, partiu para o enfrentamento.
Igualmente descontentes com o resultado das eleições, os mineiros se aliaram aos paraibanos e gaúchos e aderiam à Revolução de 1930. Apoiados por parte dos militares, promoveram o golpe de Estado que estreou a Era Vargas.
Estado Novo (1937)
Depois de eleito indiretamente presidente do Brasil, por meio da promulgação da Constituição de 1934, Vargas passou a enfrentar várias questões.
O Governo Constitucional de Getúlio de Vargas foi marcado pela existência de dois movimentos políticos, a Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Aliança Nacional Libertadora (ANL).
Em 1935, ocorreu uma tentativa de golpe contra o governo Vargas. O episódio ficou conhecido como Intentona Comunista, comandada por parte do exército que era associada à ANL. Contudo, rapidamente o movimento foi sufocado pelas tropas do governo.
Nos anos que se seguiram, o tenentismo e o comunismo ligados à ANL passaram a ser vistos pelo governo como ameaças ao sistema.
Em 1937, foi divulgado um suposto plano comunista de tomada de poder, chamado Plano Cohen. Atualmente sabe-se que este plano foi forjado pelos apoiadores de Vargas que desejavam que ele se mantivesse no poder.
Em setembro do mesmo ano, foi decretado o Estado de Sítio, em que todos os direitos constitucionais foram suspensos.
Em outubro, Vargas já havia conquistado o apoio de grande parte do exército e de setores da sociedade civil para promover o golpe de Estado.
Em novembro, ele fechou o Congresso e cancelou as eleições presidenciais que ocorreriam no ano seguinte. Estava decretado a ditadura varguista que vigoraria até 1945.
Deposição de Vargas (1945)
A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ao lado dos países Aliados e contra as nações do Eixo, composta por países totalitários, tirou a credibilidade do governo Vargas que sustentava um regime ditatorial inspirado nos moldes nazifascista.
Sendo assim, ele passou a ser pressionado a iniciar um processo de abertura democrática. Contudo, a ação de Vargas pretendia promover a transição, mas garantindo a sua manutenção no poder.
Visando conquistar seu objetivo, ele se aproximou das bases operárias e do Partido Comunista Brasileiro.
Tais movimentações organizadas por Vargas resultaram em um movimento popular chamado Queremismo, que tinha o intuito de manifestar apoio ao Vargas e à sua permanência no poder.
O estopim do golpe que o tirou do poder, foi o afastamento de João Alberto Lins de Barros da chefia da polícia do Distrito Federal, substituindo-o por seu irmão, Benjamin Vargas.
Sendo assim, os próprios militares que o ajudaram na Revolução de 1930 se rebelaram contra a ação do então presidente.
Evitando um derramamento de sangue, o presidente assinou sua renúncia e se refugiou em São Borja (RS), sua cidade natal.
Golpe Militar de 1964
O golpe militar de 1964 depôs o então presidente do Brasil, João Goulart, também conhecido como Jango.
Além de sua intenção em promover reformas de base em vários setores da sociedade, Jango também apoiava a realização de algumas reformas na instituição militar.
Tais reformas eram vistas como radicais, pois se acreditava que elas se aproximavam do comunismo.
Após realizar um pronunciamento no Rio de Janeiro no dia 13 de março de 1964 confirmando as reformas de base, no dia 19 do mesmo mês, setores conservadores da sociedade civil organizaram um protesto contra o governo Jango na capital paulista.
Sob a justificativa de impedir o avanço do comunismo e de inviabilizar o crescimento da guerrilha no país, na madrugada do dia 31 de março, o general Olímpio Mourão Filho mobilizou as tropas de Minas Gerais, e Costa e Silva organizou as do Rio de Janeiro, para a realização do golpe de Estado. Ambas as movimentações foram independentes uma da outra.
Com o apoio de uma parcela dos políticos, os militares organizaram e promoveram o golpe de Estado que destituiu o presidente João Goulart do poder.
No dia 2 de abril, o presidente da Câmara empossou como presidente provisório da República, e no dia 15 de abril, o general Castelo Branco foi eleito de modo indireto presidente da República.
Iniciava, portanto, o regime ditatorial do Brasil que durou 21 anos, até 1985.
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